Mudança da Hora em Portugal: Porque Continuamos Nisto?

Written by Afonso Rodrigues
Por Afonso Rodrigues, Redator

Ajustar os relógios duas vezes por ano pode parecer um detalhe, mas tem impacto real no nosso dia a dia. Em Portugal, a mudança da hora é um hábito instituído há décadas e, embora gere alguma confusão, continua a ser uma prática comum em grande parte da Europa.

Neste artigo, analisamos as razões pelas quais a mudança da hora continua em vigor, apesar das suas implicações na saúde, produtividade e organização do dia a dia. Será que ainda faz sentido manter este sistema?

Imagem que demonstra como a mudança da hora ocorre nos vários países do mundo.

Imagem de timeandate.com

Este Artigo Aborda:

Quando Muda a Hora em Portugal?

 Em Portugal, a hora muda duas vezes por ano:

  • Último domingo de março: entrada no horário de verão (adianta-se o relógio uma hora);
  • Último domingo de outubro: entrada no horário de inverno (atrasa-se o relógio uma hora).

Por exemplo, em 2025:

  • A mudança para o horário de verão ocorrerá na madrugada de 30 de março, passando das 01h para as 02h.
  • A mudança para o horário de inverno será a 26 de outubro, das 02h para a 01h.

Por Que Razão Mudamos a Hora?

A mudança da hora foi originalmente implementada com o objetivo de aproveitar melhor a luz natural e reduzir o consumo de energia elétrica.

Ao adiantar os relógios durante os meses com mais luz solar, pretende-se maximizar o número de horas de luz ao final do dia.

Este sistema de mudança da hora foi aplicado pela primeira vez na Alemanha, em 1916, e dois anos depois nos Estados Unidos, como medida para poupar combustível durante a Primeira Guerra Mundial.

No entanto, o debate sobre a sua eficácia tem vindo a crescer. Há quem defenda a abolição desta prática, alegando que os benefícios energéticos são mínimos e os impactos na saúde podem ser significativos.

Impactos da Mudança da Hora na Saúde e Produtividade

A mudança da hora, por mais pequena que pareça, pode afetar o ritmo circadiano — o nosso “relógio biológico”. Entre os sintomas mais comuns após a mudança estão:

  • Dificuldades em adormecer ou acordar;
  • Sensação de cansaço e sonolência diurna;
  • Irritabilidade ou falta de concentração;
  • Redução temporária da produtividade.

A transição para o horário de verão tende a ser mais difícil para a maioria das pessoas, pois implica perder uma hora de sono. Estudos indicam uma quebra de produtividade nos dias que se seguem a esta transição.

Ainda que esta perturbação no ritmo biológico possa ter efeitos significativos, a maioria dos estudos também indica que esses sintomas costumam desaparecer nos dias seguintes à mudança de hora.

O que Ganhamos com a Mudança da Hora?

Adiantar os relógios uma hora na primavera não aumenta o número de horas de luz, mas altera a hora a que o sol nasce e se põe.

Com essa alteração, passamos a ter mais luz natural ao final da tarde — uma vantagem especialmente apreciada durante os meses de primavera e verão.

O especialista Dr. David Prerau destaca que, “quando as pessoas pensam na mudança da hora, muitas vezes focam-se no efeito negativo de perderem uma hora de sono num único dia. O que esquecem é que, ao fazê-lo, ganhamos 238 dias de primavera, verão e outono com todas as vantagens das tardes mais luminosas, e 118 dias no inverno com amanheceres menos tardios”.

Os defensores da mudança da hora argumentam que as tardes mais luminosas incentivam as pessoas a sair de casa e a praticar atividades ao ar livre. Neste sentido, o horário de verão ajuda a contrariar os efeitos de um estilo de vida sedentário, promovendo o bem-estar físico e mental.

A lógica por trás da mudança da hora é alinhar os períodos de maior atividade humana com as horas de luz solar, reduzindo assim a dependência de iluminação artificial.

No entanto, embora este objetivo fizesse mais sentido no início do século XX — quando menos luz artificial significava poupança energética — hoje os ganhos são reduzidos.

Com o uso constante de tecnologia, ar condicionado e iluminação eficiente, a economia energética associada ao horário de verão é mínima.

Além disso, esta estratégia é menos eficaz em regiões próximas ao equador, onde a variação da luz solar ao longo do ano é quase inexistente, e em zonas polares, onde as diferenças são demasiado extremas.

Quais os Efeitos da Mudança da Hora no Trabalho Remoto e Gestão de Tempo?

Para quem trabalha remotamente, a mudança da hora pode interferir com reuniões internacionais, prazo de entregas e até com a produtividade diária.

Este é um problema especialmente relevante para profissionais que colaboram com equipas espalhadas por diferentes fusos horários.

Nem todos os países adotam a mudança da hora, e mesmo entre os que o fazem, as datas podem variar, o que dificulta a sincronização de agendas.

Uma reunião que costumava acontecer às 15h pode, de repente, coincidir com o horário de almoço ou com o final do expediente de um colega noutro país.

Esta descoordenação temporária pode gerar confusão, atrasos e perda de eficiência, exigindo uma gestão de tempo ainda mais rigorosa nesta altura do ano.

Uma forma eficaz de manter o foco e evitar deslizes após a mudança da hora é usar ferramentas de controlo de horas, que permitem acompanhar com precisão o tempo dedicado a cada tarefa, ajustar-se a novos horários e manter um registo fiável de entradas e saídas.

Além disso, pode utilizar técnicas como o método Pomodoro, a matriz de Eisenhower ou time blocking para manter a produtividade estável durante o período de adaptação.

Quais os Países Que Adotam a Mudança da Hora?

Atualmente, menos de 40% dos países no mundo utilizam o sistema de mudança da hora. A grande maioria dos países que ainda o praticam localiza-se na Europa, América do Norte, América Latina e Caraíbas.

Já nas regiões tropicais, especialmente junto ao equador, onde as variações na duração do dia são mínimas ao longo do ano, a mudança da hora é considerada desnecessária.

O Egipto é atualmente o único país africano onde a mudança da hora continua a ser implementada.

Abaixo, apresentamos os dados mais recentes sobre a adoção da mudança da hora a nível global:

Situação Número de Países
Países que usam ou usaram o sistema de mudança de hora alguma vez 143
Países que, em 2025, ainda mudam a hora 70
Países que deixaram de mudar a hora 73
Países que nunca mudaram a hora 106

A Mudança da Hora Vai Acabar?

A Comissão Europeia apresentou, em setembro de 2018, uma proposta para pôr fim às mudanças sazonais da hora. A medida foi aprovada pelo Parlamento Europeu com larga maioria — 410 votos a favor, 192 contra e 51 abstenções — e contou com amplo apoio político.

No entanto, os Estados-membros da União Europeia ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre qual horário adotar permanentemente.

Além disso, qualquer decisão isolada por parte de um país é desencorajada, uma vez que a Comissão pretende que a transição ocorra de forma coordenada em toda a UE, de modo a proteger o bom funcionamento do mercado único.

Assim, por enquanto, continuamos a ajustar os relógios duas vezes por ano.

Reflexão Final sobre a Mudança da Hora

Embora a mudança da hora possa parecer um simples ajuste, o seu impacto é real — tanto a nível pessoal como profissional. Ao compreender os seus efeitos e preparar-se com antecedência, pode minimizar o desconforto e manter a produtividade.

Se trabalha remotamente ou gere o seu tempo de forma autónoma, utilizar um relógio de ponto digital como o Jibble é uma forma eficaz de manter o controlo sobre o seu horário, especialmente durante períodos de transição.

Para melhorar o seu desempenho, descubra também ferramentas essenciais para trabalhar a partir de casa e explore as melhores estratégias para ser mais produtivo a trabalhar em casa.